Pioneirismo da Mistel Mineração na remineralização de solosno Brasil

A Mistel – Mineração Santa Terezinha Ltda. é uma empresa familiar, fundada há mais de 40 anos e, desde então, fornece materiais para construção civil e pavimentação asfáltica no estado de Goiás. Está localizada nos limites entre os municípios de Cristalina e Luziânia, região leste do estado. Segundo seus proprietários, a Mistel é uma empresa que se sustenta em relações de respeito, confiança e responsabilidade, alinhadas às políticas ESG e ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU, em atendimento à Agenda 2030 para um planeta mais sustentável.

Buscando atender aos preceitos da Mineração Verde, em 2009 a Mistel iniciou o processo de pesquisa e redirecionamento dos materiais por meio do beneficiamento dos produtos. Os estudos para o aproveitamento e viabilidade do uso agrícola desses materiais foram conduzidos, em parte, pela Universidade de Brasília, em um projeto de pesquisa apoiado por um edital do CNPq. Essa pesquisa, que também envolveu outros tipos de rochas, contribuiu de forma determinante para a validação dos pressupostos da tecnologia da rochagem, resultando na edição da Lei nº 12.890, de 10 de dezembro de 2013.
No período entre a edição da Lei e o estabelecimento da Instrução Normativa nº 05/2016, a empresa apoiou outras pesquisas para averiguar o potencial geoquímico, mineralógico e agronômico de parte de seus produtos como remineralizador de solo. Os testes demonstraram o expressivo potencial e a aptidão do produto da Mistel como insumo agrícola, o que facilitou a obtenção, em 2017, do registro do material como Remineralizador de Solo. Assim nasceu o Remax! Foi o segundo produto a obter o registro no Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA, cumprindo todas as exigências, garantias e condicionantes estabelecidas pela IN nº 05/2016 para produção e comercialização do produto. Seu registro possui nº GO 001725-6.000001.

A planta de beneficiamento do Remax tem capacidade produtiva de 400 toneladas por dia e é composta por britador, moinho e esteiras, ocorrendo apenas o tratamento físico (cominuição) do material e adequação aos parâmetros granulométricos exigidos pela normativa supracitada.

Diante dos desafios globais de escassez de insumos solúveis, a Mistel posiciona-se como uma empresa de mineração inovadora no sistema de moagem, produzindo insumos agrícolas de base mineral que se alinham aos princípios da economia circular. Sua trajetória reflete um compromisso permanente com a sustentabilidade e com o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.

Contexto Geológico

As rochas calcissilicáticas utilizadas como matéria-prima pela Mistel Mineração estão inseridas no contexto geológico do Grupo Canastra, de idade neoproterozóica. Caracterizam-se como lentes de metamargas que afloram nas margens da rodovia BR-040 (Figura 01). A área encontra-se em fase de concessão de lavra pela ANM, lavrando um material definido como biotita calcoxisto, de granulação fina e xistosidade marcada pela alternância de minerais de biotita, muscovita e clorita em textura lepidoblástica, intercalados milimetricamente com cristais de quartzo e calcita em textura granuloblástica e eventuais ocorrências de hematita e epidoto.

Ao longo do processo de intemperismo (que pode ser acelerado em função da cominuição da rocha), parte dos minerais entra em contato com os ácidos e microrganismos do solo, sendo solubilizados gradualmente. Isso favorece a formação de argilominerais, como vermiculita, esmectita, entre outros. E é nesse processo que ocorre a liberação de vários nutrientes (Ca, Mg e K, especialmente) para os fluidos do solo e, na sequência, para as plantas.

Mineração

Ao longo de todo o processo produtivo, a Mistel respeita de forma criteriosa os protocolos exigidos pelos órgãos fiscalizadores e reguladores, tanto da mineração quanto da agricultura e do meio ambiente.

Figura 01 – Mapa de localização e litotipos regionais.
Fonte: (CRPM, 2022 e IBGE, 2019).

A geóloga e coordenadora técnica do Remax, Viviane Oliveira, menciona que “o processo mineral da Mistel realiza todas as ações que favoreçam a lógica da economia circular e as políticas ESG no empreendimento minerário”. E vai além ao lembrar que, “nesse contexto, uma planta mineral não pode mais se valer de uma única substância. Dessa forma, a Mistel reforça seu compromisso com a mineração responsável, transformando desafios em oportunidades e contribuindo para uma indústria mais sustentável.”

A gerente geral Jacira Machado, que trabalha na Mistel há cerca de 30 anos, confirma que “a incorporação de novas rotas de desenvolvimento tecnológico e as pesquisas tornaram possível a otimização das áreas mineradas, o que favoreceu a incorporação de novas cadeias produtivas, novos empregos e renda nas áreas do entorno da jazida, bem como a conservação ambiental (descarbonização) da empresa e, mais recentemente, a busca por inserção no mercado de carbono”.

Jacira ainda destaca que a “inserção do REMAX como um dos produtos produzidos e comercializados pela Mistel trouxe novas possibilidades para a empresa, especialmente após a construção do marco regulatório dos remineralizadores de solo e, particularmente, após estes insumos terem sido incluídos na cadeia de insumos emergentes do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF-2050), que tem como objetivo principal diminuir a dependência de importações de insumos agrícolas. A previsão do Plano é que, até 2050, o Brasil terá uma produção de REM de 75 Mt, e a Mistel quer ampliar sua participação nesse montante. Estamos prontos para ampliar a produção, porque o setor agrícola tem demandado cada vez mais Remineralizador de Solo – REMAX. Conseguimos vender nosso produto para estabelecimentos agrícolas do Tocantins, Bahia e Minas Gerais, sendo que os principais compradores são do estado de Goiás.”

Panorama de comercialização do REMAX (em t) desde que obteve o registro do MAPA.

Segundo Viviane Oliveira, “o Remax vem sendo aplicado em várias propriedades localizadas em seu raio de viabilidade. Antes de aplicar o produto no solo, nossa equipe técnica discute com os técnicos/proprietários o processo de incorporação do produto no solo, o acompanhamento e o manejo até a colheita. De modo geral, são feitas análises dos solos que receberão os produtos, considerando os parâmetros analíticos como o pH, os teores de macro e micronutrientes, a presença de matéria orgânica (MO), as relações físico-químicas e biológicas dos solos. Toda recomendação também considera o tipo de cultura, o cultivo e os diferentes perfis e objetivos produtivos. Todos os resultados são comparados com um tratamento controle (T), que retrata o manejo praticado em cada propriedade na produção das safras anteriores. Portanto, as recomendações de dosagens levam em consideração as peculiaridades das atividades e as distintas regiões do Cerrado.”

Essas estratégias têm proporcionado uma série de benefícios, entre os quais ela cita: baixo custo, aumento da produtividade, do teor de umidade do solo, melhor enraizamento, qualidade nutricional das plantas, tempo de prateleira, saúde das plantas, do solo, do ambiente e humana.

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